A Questão dos Direitos Autorais no Cordel

Símbolo da Justiça (Fonte: Acervo Memórias do Cordel) 

A preocupação dos poetas com os direitos autorais na literatura de cordel vem desde o início do século XX. Nessa postagem vamos mostrar três casos onde é possível observar a preocupação dos autores.

O primeiro caso é a contracapa do folheto História de João da Cruz (1917) de Leandro Gomes de Barros. Preocupado com a reprodução de seus folhetos sem autorização, o poeta resolve estampar sua foto nos folhetos para prevenir a “pirataria” de seus trabalhos:

Contracapa do folheto História de João da Cruz (Fonte: www.casaruibarbosa.gov.br)
Aviso importante: Aos meus caros leitores do Brasil Ceará, Maranhão,
Pará e Amazonas aviso que desta data em diante todos os meus
folhetos completos trarão o meu retrato. Faço este aviso afim de
prevenir aos incautos que teem sido enganados na sua bôa fé por
vendedores de folhetos menos serios que teem alterado e publicado os
meus livros, comettendo assim um crime vergonhoso.

(BARROS, 1917).
Essa medida de Leandro pode ser observada em vários de seus folhetos, entre eles Antonio Silvino o rei dos cangaceiros publicado entre os anos de 1910-1912 em Recife/PE.

Neste segundo exemplo podemos observar o comunicado do editor Pedro Baptista aos leitores, nas primeiras páginas do folheto A Força do Amor (1918), dizendo que ele é o único detentor dos direitos de reprodução das obras de Leandro:

Página interna do folheto do folheto A Força do Amor (Fonte: www.casaruibarbosa.gov.br)
Aviso: Tendo fallecido o poeta Leandro Gomes de Barros, passou ao
meu possuido a propriedade material de toda a sua obra literaria. Só a
mim pois cabe o direito de reprodução dos folhetos do dito poeta e
acho-me habilitado a agir dentro da lei contra quem commetter o crime
de reprodução de ditos folhetos. Previno as pessoas que negociam com
folhetos, que tenho em deposito todos os que o poeta escreveu e que
vendo-os pelos preços mais resumidos possiveis, dando bôa commisão.

(BARROS, 1918).
O terceiro caso é o acróstico, que é quando o autor utiliza as iniciais do seu nome em cada estrofe do último verso da história, essa foi uma medida utilizada pelos poetas para provar a autoria das histórias, assim nenhum outro poeta poderia utilizar essa história e assinar como se fosse sua:

História de João da Cruz (Fonte: www.casaruibarbosa.gov.br)

Alguns casos suspeitos de plágio são famosos na literatura de cordel, entre eles está a polêmica que envolve José Camelo de Melo e João Melchíades, onde Camelo acusa Melchíades de “usurpar” o romance O Pavão Misterioso. (Quer saber mais sobre a polêmica? Clique aqui)

O poeta e editor João Martins de Athayde também sofreu acusações de plágio, o poeta foi acusado de publicar folhetos de Leandro Gomes de Barros onde a informação de autoria e o nome do poeta paraibano foram retirados, Athayde foi acusado também de modificar os acrósticos de alguns poemas. (Quer saber mais sobre João Martins de Athayde? Clique aqui)

Chegamos ao final da nossa postagem, vale lembrar que o nosso objetivo aqui foi demonstrar a preocupação dos poetas com os direitos autorais e despertar a curiosidade de nossos leitores para pesquisas mais aprofundadas sobre o tema.

Mais informações: 
BARROS, Leandro Gomes. História de João da Cruz. Recife: Popular Editora, 1917.
_____________________. A força do amor. Guarabira: Livraria Pedro Baptista, 1918.

Grandes Nomes do Cordel #2 João Martins de Athayde
Grandes Nomes do Cordel #4 João Melchíades

Como citar essa postagem: 
MEMÓRIAS DO CORDEL. A Questão dos Direitos Autorais no Cordel. Diponível em: <http://memoriasdocordel.blogspot.com.br/2013/12/a-questao-dos-direitos-autorais-no.html>. Acesso em: dia Mês Ano.

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