Poster do Filme (Fonte: Manuscrito UFPB)
“Este filme é dedicado aos humildes lavradores, vaqueiros, tangerinos, violeiros e retirantes que muitas vezes interromperam suas tarefas para nos ajudar a realizá-lo.”O País de São Saruê foi um documentário, dirigido pelo paraibano Vladimir Carvalho e lançado em 1971, sobre a região sertaneja do Rio do Peixe. Localizada entre os estados da Paraíba, Pernambuco e Ceará, essa região sofre com constantes secas.
Dedicatória no início do filme
Antes de começar a falar sobre o documentário, cabe apresentar o seu diretor, Vladimir Carvalho. Nascido em 1935, na cidade de Itabaiana/PB, Vladimir Carvalho já produziu inúmeras obras cinematográficas tendo o sertão nordestino como seu principal tema. Antes de virar cineasta, o paraibano trabalhou em vários jornais da Paraíba e do Rio de Janeiro. Seu contato com o cinema começou com a participação na produção do filme Aruanda em 1960. Um ano depois, junto com João Ramiro, dirigiu o filme Romeiros da Guia que contava sobre a peregrinação anual dos pescadores do litoral de João Pessoa à Igreja Nossa Senhora da Guia. Entre outras obras de destaque do cineasta, estão: Incelência para um trem de ferro (1972), A pedra da riqueza (1975), Mutirão (1975), Quilombo (1976) e Rock Brasília (2011).
Com uma bela fotografia, o documentário O País de São Saruê aborda a questão da seca, a relação do homem com a terra e as atividades econômicas da região, como a lavoura, as grandes feiras e o garimpo do ouro. Seu título foi inspirado no cordel, do também paraibano, Manoel Camilo dos Santos intitulado Viagem ao País de São Saruê, que versa sobre uma terra mitológica cheia de riqueza e fartura “toda coberta de ouro e forrada de cristal”, abaixo segue um trecho da descrição feita pelo poeta:
“Lá os tijolos das casas
são de cristal e marfim
as portas barras de prata
fechaduras de 'rubim'
as telhas folhas de ouro
e o piso de sitim [sic].
Lá eu vi rios de leite
barreiras de carne assada
lagoas de mel de abelha
atoleiros de coalhada
açudes de vinho do porto
montes de carne guisada.”
(SANTOS, s/d)
Além da bela fotografia, a trilha sonora e a narração também chamam muito atenção. Logo no início, há a narração do poema "monólogo sobre o sertão" de Jomar Moraes e que serve como "espinha dorsal sonora do filme" (RAMOS; MIRANDA, 1997, p. 98).
Finalizado em 1971, o documentário foi proibido, sendo liberado pelos órgãos de censura apenas em 1979 quando foi selecionado para o Festival de Brasília e recebeu o Prêmio Especial do Júri.
Outra curiosidade sobre o filme é que ele começou a ser filmado em 1966, porém, as filmagens tiveram de ser suspensas, pois as constantes chuvas na região modificaram a paisagem local, só em 1967 já com a paisagem novamente seca e representando a realidade do sertão, é que as filmagens foram retomadas.
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 1971
Duração: 80 Minutos
País de Origem: Brasil
Direção: Vladimir Carvalho
Roteiro: Vladimir Carvalho
Direção Fotografia: Manoel Clemente
Edição: Eduardo Leone
Produção: Vladimir Carvalho e João Ramiro Mello
Entrevistas:
José Gadelha - Usineiro e parlamentar
Charles Foster - do Peace Corps
Antonio Mariz - Prefeito
Pedro Alma - Pioneiro do ouro
Zeca Inocêncio - Ex-garimpeiro.
Mais informações:
2001 Vídeo
Paraíba Hoje
SANTOS, Manoel Camilo dos.Viagem ao País de São Saruê. Paraíba: s/l. s/d.
RAMOS, Fernão; MIRANDA, Luiz Felipe. (Org.) Enciclopédia do Cinema Brasileiro. São Paulo: Senac, 1997.
Como citar essa postagem:
MEMÓRIAS DO CORDEL. O Pais de São Saruê. Diponível em: <http://www.memoriasdocordel.com.br/2014/04/o-pais-de-sao-sarue.html>
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