Grandes Nomes do Cordel #6 - Rodolfo Coelho Cavalcante

Rodolfo Coelho Cavalcante (Fonte: Portal O Nordeste)

Rodolfo Coelho Cavalcante nasceu em 1919 na cidade alagoana de Rio Largo. Filho de Arthur de Holanda Cavalcante e Maria Coelho Cavalcante, Rodolfo é considerado um grande defensor e líder dos poetas populares, batalhando 45 anos de sua vida pela valorização dos poetas e trovadores.

Criado pelos avós maternos aprendeu a ler com sua avó e a recitar poemas com o avô. Seus parentes e vizinhos se admiravam com a desenvoltura do jovem ao declamar poemas. Aos oitos anos de idade voltou a morar com os pais que se mudaram para Maceió. Entre idas e vindas de sua família entre Maceió e Rio Largo, Rodolfo trabalhou prestando pequenos serviços. Na capital alagoana, o jovem trabalhou nas Lojas Paulistas, criando versos e adaptando letras de músicas, sua função era atrair clientes para a loja, porém, o emprego não durou muito, a imprensa local denunciou seu serviço como "exploração do trabalho infantil" e o jovem perdeu o emprego.

Com 13 anos de idade, Rodolfo Coelho deixou os pais e tentou ganhar a vida percorrendo o interior nordestino, trabalhando, dentre outras atividades, como propagandista, palhaço de circo e camelô. Chegou a atuar como professor primário concursado em Luzilândia no Piauí ate 1938.

Seu primeiro folheto foi escrito quando estava por passagem em Fortaleza, o cordel versava sobre um afogamento ocorrido na praia de Iracema. O folheto fez muito sucesso e vendeu cerca de três mil exemplares em poucos dias.

Em 1942, o poeta foi para Teresina e começou a publicar folhetos, "Os clamores dos incêndios em Teresina" foi um dos mais famosos. A estadia de Rodolfo na capital piauiense não demorou muito, em 1945, por problemas administrativos em seu comércio, ele resolveu se mudar para Salvador, Bahia.

Rodolfo foi perseguido pelas autoridades da época, por vender folhetos de cordel, como conta Maria do Carmo Andrade:
"Conta-se que certo dia, quando estava vendendo seus folhetos na rua, chegou um oficial do gabinete do governador e ‘convidou-o’ para se apresentar ao chefe do Estado que, para surpresa de Rodolfo, disse que havia gostado do seu folheto ABC de Otávio Mangabeira. Depois de uma amigável conversa, o governador perguntou ao cordelista o que poderia fazer por ele. Rodolfo imediatamente falou sobre a falta de liberdade para vender seus folhetos. O governador, que gostava desse tipo de literatura, logo determinou que o trovador Rodolfo Cavalcanti pudesse comercializar seus folhetos em qualquer praça do estado da Bahia" (ANDRADE, 2014).
Atuando como editor e poeta, formou uma grande rede de agentes e distribuidores em toda a região Nordeste, publicando principalmente em Salvador e Jequié. A temática de seus folhetos era das mais diversas, o poeta escrevia abecês, biografias, cantorias e fatos do cotidiano. Um dos seus grandes sucessos de vendas foi o folheto A volta de Getúlio, publicado dois dias depois da queda de Getúlio Vargas (ANDRADE, 2014).

Outros cordéis de destaque de Rodolfo são: A moça que bateu na mãe e virou cachorra, A chegada de Lampião no céu, ABC do Carnaval, ABC da macumba e O Drama do comandante

Cabe destacar nessa postagem, que Rodolfo Coelho Cavalcante foi um grande defensor e divulgador da classe dos poetas. Em 1955, com Manuel d'Almeida Filho e outros expoentes da poesia popular, realizou de 1º a 5 de julho, em Salvador, o I Congresso Nacional de Trovadores e Violeiros, na Bahia. Foi nesse congresso que ocorreu a fundação da Associação Nacional de Trovadores e Violeiros, atual Grêmio Brasileiro de Trovadores, que tem sede em Salvador.

O poeta atuou também na imprensa, foi fundador da Associação de Imprensa Periódica da Bahia e filiado à Associação Baiana de Imprensa. Fundou também os periódicos A Voz do Trovador, O Trovador e Brasil Poético.

Rodolfo Coelho Cavalcante faleceu em 7 de outubro de 1986, vitima de um atropelamento, sua morte repentina causou comoção geral e repercutiu em todo o Brasil e exterior, inúmeros foram os folhetos publicados sobre o poeta após sua morte. Para finalizar essa postagem, segue a trova enviada por Rodolfo, pouco antes de morrer, para o II Concurso de Trovas de Belém do Pará:
Quando este mundo eu deixar,
A ninguém direi adeus.
Dos poetas quero levar
Suas trovas para Deus.

Rodolfo Coelho Cavalcante
Mais informações:
Oficina de Cordel
Fundação Casa de Rui Barbosa
Wikipédia

ANDRADE, Maria do Carmo. Rodolfo Coelho Cavalcanti. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.

Como citar essa postagem:
MEMÓRIAS DO CORDEL. Grandes Nomes do Cordel #6 - Rodolfo Coelho Cavalcante. Diponível em: <http://www.memoriasdocordel.com.br/2014/05/grandes-nomes-do-cordel-6-rodolfo.html>. Acesso em: dia Mês Ano.

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